123 Milhas pede recuperação Judicial – Nesta terça-feira (29), a empresa 123 Milhas apresentou um pedido de recuperação judicial. A petição foi encaminhada à 1a Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte (MG).

Os advogados da empresa afirmaram que a solicitação foi protocolada devido a fatores “internos e externos”, que “impuseram um aumento considerável de seus passivos nos últimos anos”.

A empresa declarou em uma nota que o objetivo é “assegurar o cumprimento dos compromissos assumidos com clientes, ex-colaboradores e fornecedores” e “reequilibrar sua situação financeira”.

Em 18 de agosto, a 123 Milhas suspendeu os pacotes e an emissão de passagens de sua linha promocional. Isso prejudicou viagens já contratadas da linha “Promo”.

Como ficarão os clientes com passagens compradas?

Os clientes já atingidos pelo cancelamento de pacotes provavelmente terão mais problemas para obter o reembolso.

A situação da empresa certamente afetará o pagamento de indenizações, danos morais e reembolso de passagens. O pedido de recuperação judicial afeta todas as obrigações. O professor Gustavo Kloh da FGV Direito Rio afirma que será extremamente difícil a empresa arcar com todos os compromissos financeiros assumidos.

A medida deve dificultar o cumprimento dos contratos firmados pela empresa após a suspensão de pacotes, bem como a continuidade de suas operações, segundo Kloh. Fica a pergunta: a empresa manterá as suas atividades normais, mas quem vai querer arriscar comprar através do site deles?

Segundo o sócio do escritório NHM, Eduardo Terashima, advogado, a recuperação judicial é um meio pelo qual a empresa sinaliza a crise e então pode apresentar um plano de recuperação, o que tem um impacto direto nos clientes.

As dívidas da empresa devem ser divididas em três etapas ao longo do processo: dívidas trabalhistas, dívidas com garantia real e dívidas quirografárias. Na maioria das vezes, os direitos dos consumidores entram nessa última etapa.

Se o pedido for aceito pela Justiça, todas as execuções (pagamentos) podem ser suspensas por um período de seis meses. Um comitê de credores, com a participação dos clientes, deve ser criado para discutir a devolução de vouchers ou dinheiro.

Assim, é provável que haja uma votação sobre o método de pagamento e o valor pago. Só depois que o plano for aprovado pela maioria em todas as classes do comitê, os clientes poderão começar a receber.

Os consumidores são significativamente impactados pela decisão. Qualquer pagamento passa a depender da discussão dentro da recuperação judicial, incluindo o formato: se é dinheiro ou voucher, percentual, etc.

De acordo com o advogado Sérgio Gabriel, especialista em direito empresarial e societário, todas as ações contra a empresa podem ser suspensas por 180 dias, mas podem ser prorrogadas pelo mesmo período durante o processo de recuperação.

O especialista também enfatiza que, caso o juiz aceite o pedido da 123 Milhas, todos os credores e consumidores da empresa dependerão das decisões do novo comitê, que decidirá em uma reunião os detalhes do processo de regularização dos pagamentos.

Ainda segundo o advogado, os clientes que receberam vouchers da empresa antes da recuperação judicial podem “se livrar” desse processo, caso a empresa decida cumprir espontaneamente o acordo firmado.

O advogado Conclui dizendo que a empresa tem duas opções neste caso: manter o cumprimento ou, eventualmente, não cumprir com esses vouchers e incluir-los também no plano de recuperação.

Provavelmente todo esse processo pode resultar em um deságio, que é a perda de valor do valor recebido. Por exemplo, um cliente com um crédito de R$ 10 mil, pode receber algo em torno de R$ 3 mil, e em longas parcelas, enfatizando que essa é uma estimativa baseada em outros casos de recuperação judicial.

Os clientes lesados devem esperar a decisão da Justiça e recorrer ao Procon, diz um especialista da área.

123 Milhas pede recuperação Judicial – Posição da empresa

Em um comunicado, a empresa reiterou sua intenção de “assegurar o cumprimento dos compromissos assumidos com clientes, ex-colaboradores e fornecedores”, ao protocolar o pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Veja a nota completa da 123 Milhas:

A 123milhas comunica que fez um pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de Minas Gerais hoje (29/08).

A medida visa garantir que os compromissos assumidos com fornecedores, clientes e ex-colaboradores sejam cumpridos. A recuperação judicial permitirá concentrar todos os valores devidos em um único juízo. A empresa acredita que, desta forma, conseguirá chegar a acordos mais rapidamente com todos os credores, o que ajudará a equilibrar sua situação financeira gradualmente.

A 123Million continua fornecendo dados e informações às autoridades competentes sempre que solicitadas.

A empresa e seus administradores se comprometem a trabalhar em conjunto para resolver seus débitos, aumentar suas receitas e continuar contribuindo para o setor turístico brasileiro.

A nota deixa clara a intenção da empresa em continuar atuando no setor de turismo.

123 Milhas pede recuperação Judicial – Um pouco da história da empresa

A 123 Milhas é uma empresa brasileira que vende passagens aéreas usando milhas. Veja a seguir mais informações sobre a história da empresa.

A empresa foi fundada por empresários que viram uma oportunidade de mercado no setor de programas de fidelidade, em Belo Horizonte, MG, em 2016. Eles descobriram que muitos clientes acumulavam milhas aéreas, mas nem sempre as usavam antes de expirar. Assim, tomaram a decisão de construir uma plataforma que adquirisse milhas dos clientes e as convertisse em passagens aéreas para revender.

Como funciona a estratégia de negócios da 123 Milhas

O principal benefício das 123 Milhas foi sua capacidade de fornecer passagens aéreas muitas vezes mais baratas do que as encontradas diretamente em sites de viagens ou companhias aéreas. Isso se deve ao fato de que a empresa comprava milhas aéreas de indivíduos que pretendiam vendê-las, usando-as para comprar passagens para eventos promocionais e ofertas exclusivas para membros do programa de fidelidade.

A venda de milhas foi feita por clientes que não usavam ou estavam prestes a perder suas milhas devido à expiração. A 123 Milhas oferecia uma maneira de transformar essas milhas em dinheiro.

Os obstáculos enfrentados

Com o tempo, a empresa de viagens ganhou destaque no mercado brasileiro. A 123 Milhas, no entanto, também teve problemas. Algumas companhias aéreas e programas de fidelidade consideram a venda de milhas uma violação dos termos de serviço, o que levou a disputas judiciais.

Além disso, como o setor de viagens está sempre mudando, uma empresa de viagens teve que se adaptar às mudanças no comportamento do consumidor, nas tendências de viagens e nos regulamentos do setor.

A indústria de viagens enfrentou grandes dificuldades como resultado da pandemia de COVID-19, que começou no final de 2019 e se intensificou em 2020. A 123 Milhas também enfrentou vários problemas no período, entre eles:

1. Queda na Demanda por Viagens: A pandemia teve um dos efeitos mais diretos, com uma queda abrupta na demanda por viagens aéreas. Devido às quarentenas, fechamentos de fronteiras e restrições de viagens, houve uma redução significativa no número de voos. Como resultado, a procura por passagens também diminuiu.

2. Cancelamentos e Reembolsos: Muitos clientes optaram por cancelar suas viagens previamente planejadas devido à incerteza da pandemia. A 123 Milhas teve que lidar com um grande número de pedidos de cancelamento, alteração e reembolso. Isso pode afetar o fluxo de caixa e a satisfação dos clientes.

3. Desvalorização das Milhas: O mercado de milhas é afetado tanto pela oferta quanto pela demanda. O valor do mercado das milhas pode ser afetado se a demanda por passagens aéreas diminuir e as viagens diminuírem.

4. Logística de Compra e Venda de Milhas: Como resultado da volatilidade do mercado de viagens durante a pandemia, a compra e venda de milhas se tornou mais difícil. Para manter a rentabilidade da operação, é necessária uma gestão mais cuidadosa.

5. Desafios Operacionais: Os protocolos de saúde e segurança precisavam ser ajustados para proteger os funcionários e os clientes. O trabalho remoto, o investimento em tecnologia e o treinamento da equipe foram todos componentes desse quadro.

6. Planejamento a Longo Prazo: A incerteza sobre a duração da pandemia e seus efeitos tornaram o planejamento a longo prazo difícil. Empresas como a 123 Milhas tiveram que adotar uma abordagem flexível e adaptável porque não tinham certeza de quando o setor de viagens se recuperaria.

7. Confiabilidade e Reputação: Manter a confiança do cliente é vital durante uma crise. A reputação da empresa pode ser prejudicada por longo prazo por sua abordagem a cancelamentos, reembolsos e interações com os clientes.

Apesar desses problemas, muitas empresas de viagens tentaram se reinventar usando novas estratégias, variando suas ofertas e concentrando-se ainda mais na experiência do cliente.

123 Milhas pede recuperação Judicial – Conclusão

A 123 Milhas é um bom exemplo de como a inovação pode surgir em áreas tradicionais, como o setor de viagens. A empresa encontrou uma oportunidade no mercado de milhas aéreas e criou um novo modelo de negócios para atender a clientes que queriam vender milhas e pessoas que procuravam passagens aéreas baratas.