Os consumidores americanos, especialmente aqueles de baixa renda, têm sentido a puxada dos preços mais altos, com uma inflação anual não vista há 40 anos.

Os últimos números mostram que os preços subiram 6,8% no ano até novembro.

Bibi, que trabalha como faxineira em Harlem, Nova York, disse que teve que cortar os gastos como resultado, às vezes comprando apenas uma refeição para dividir com seu filho de 27 anos.

“Não temos escolha”, disse ela, “eu não posso me dar ao luxo de cozinhar”.

“Eu pego um pouco, então dou-lhe mais porque uma mãe sempre vai fazer isso por seu filho”.

Os aumentos de preço fizeram com que os alimentos ficassem mais caros, e que os preços da gasolina subissem 6,1%, enquanto o custo dos carros de segunda mão e do aluguel também acompanhassem a onde de alta.

Enquanto o ritmo mensal do aumento dos preços em 0,8% diminuiu um pouco em comparação com os 0,9% de outubro, pessoas como Bibi sentiram os efeitos cumulativos em seus orçamentos.

Consumidores queixam-se da alta dos preços

Patrícia, acostumada a fazer compras no supermercado local, disse que sua conta ficou cerca de US$30 mais cara a cada semana do que costumava ser, por isso ela substituiu as costeletas de frango e de porco por mais vegetais, embora os preços dos produtos frescos também tenham encarecido, disse ela.

“Isso me afeta muito neste momento, eu não estou trabalhando”, revelou ela.

Maria acabou de se aposentar e disse ter notado que o que ela compra não é apenas mais caro, mas muitas vezes menor também, especialmente os bagels.

“Não vou comprá-los novamente por muito tempo. Eles costumavam ser bagels grandes, agora são menores e mais caros”, disse ela.

Os preços para os consumidores americanos não subiam em um ritmo anual tão acelerado desde junho de 1982. Mas o impacto é sentido especialmente entre aqueles com menor renda.

A inflação crescente também está pressionando o presidente Biden enquanto ele tenta aprovar sua lei de gastos sociais de US$1,9 trilhão.

Alguns economistas culpam os programas de gastos anteriores do presidente, criados para oferecer apoio em meio à pandemia de Covid, como responsáveis por exacerbar o aumento dos preços.

Pé no acelerador

“Uma das principais razões para a inflação está nos altos gastos do governo”, disse Christopher Campbell, estrategista chefe da Kroll, uma consultoria de risco, e um ex-funcionário do Tesouro no governo do ex-presidente Trump.

Ele argumentou que mais gastos poderiam piorar a inflação.

“No fim das contas, esperamos estar no último estágio da pandemia, e o governo ainda está colocando seu pé no acelerador, nos níveis de gastos”.

Entretanto, Claudia Sahm, membro sênior do Instituto da Família Jain e ex-economista da Reserva Federal, disse que os gastos do governo não são a causa. Ela afirmou que a razão da inflação ter persistido é porque a pandemia não foi controlada, afetando o fornecimento de coisas como carros, combustível e alimentos.

“Quanto mais tempo duram as interrupções relacionadas à Covid, mais isso começa a refletir nos preços das mercadorias”, disse ela.

Ela afirmou que, com os preços da energia caindo recentemente, a inflação deve começar a diminuir.

“Há sinais de que podemos estar mudando esse cenário, mas a variante Ômicron é um novo desafio”.