Mais da metade dos idosos tiveram dificuldade em realizar o pagamento de contas entre o mês de agosto de 2020 e janeiro de 2021, segundo a pesquisa “Vida financeira e preparo para a terceira idade”. Dentre os principais problemas enfrentados na terceira idade, 53,6% informaram ter deixado de quitar ou ter realizado o pagamento de alguma conta em atraso.

O intuito da pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), juntamente com a Offerwise Pesquisas, foi investigar o estilo de vida, expectativa e planos para o futuro das pessoas da terceira idade.

Dessa maneira, foi visto na pesquisa uma piora no padrão de vida, a menção à poupança como o principal investimento e também a contratação de empréstimo consignado para familiares e até mesmo amigos.

Percentual aumentou em relação a 2018

O percentual de idosos que deixou de fazer o pagamento ou pagou uma conta em atrasou cresceu 17 pontos percentuais quando comparado à edição de 2018 (36,7%) da pesquisa e atingiu 53,6%. A principal razão apresentada para a dificuldade no pagamento de contas foi a diminuição da renda, em seguida a ausência de planejamento financeiro com gastos e, por fim, a queda da renda de algum membro da família.

As contas com maior atraso ou até mesmo falta de pagamento foram:

  • Luz – 23,6%;
  • Cartão de crédito – 19,9%;
  • Água – 17,3%;
  • IPTU – 14,6%.

Endividamento das famílias brasileiras

A alta do endividamento das famílias brasileiras também foi alvo da pesquisa “Endividamento e Inadimplência do Consumidor”, da CNC (Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo), com dados de junho de 2021. Segundo a pesquisa, 7 a cada 10 famílias encerraram o primeiro semestre endividadas.

Entre as famílias de renda menor, o volume de endividados é preocupante, ultrapassando 70% e tornou-se assim o maior em 11 anos. O percentual geral foi maior do que no mês de maio, com um crescimento de 1,7 ponto percentual.

Surge a lei que previne o endividamento

Entrou em vigor a Lei 14.181/2021, que trata exatamente do superendividamento dos brasileiros. A nova legislação muda alguns trechos do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto do Idoso, com o objetivo de garantir práticas de crédito responsáveis e prevenir então o superendividamento, que acontece quando o consumidor se encontra em uma situação na qual não é capaz de pagar os débitos sem comprometer a sua subsistência.

Só para se ter uma ideia, cerca de 30 milhões de brasileiros hoje se encontram nessa condição, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Assim sendo, como uma maneira de combater a situação, a nova lei conta com propostas que envolvem o incentivo à educação financeira, garantia de práticas de crédito responsável e tratamento judicial ou extrajudicial do superendividamento.

Para mais de 40% dos idosos, padrão de vida piorou na terceira idade

De acordo com o levantamento da CNDL, com foco nos idosos, a falta de organização financeira ou impossibilidade de fazer uma reserva de emergência podem resultar na má satisfação das necessidades com a renda própria para 33,3% dos entrevistados. Outros 31,9% possuem as necessidades bem ou muito bem satisfeitas, enquanto 30,0% dizem que a renda pessoal é a conta certa para suprir as necessidades. Embora 31% tenham apontado para uma melhora no padrão de vida, quando comparado aos 40 anos, 42% dizem que esse padrão piorou.

Ao fazer uma análise dos dados por faixa etária ou classe social, por exemplo, a avaliação negativa é ainda maior: 48,3% dos entrevistados com idade entre 60 a 70 anos dizem que o padrão de vida piorou, assim como 44,6% das pessoas das classes C/D/E.

Poupança é o destino de quem pensa na aposentadoria

Aproximadamente 37% dos aposentados dizem ter se preparado para a aposentadoria através dos investimentos, sendo a poupança a aplicação financeira mais usada, com um percentual próximo de 12%. Após a poupança, a segunda fonte de preparo dos idosos é o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), com 32%. Por fim, outros 18% falaram sobre a abertura de negócio e 14% alegaram não se preparar para a aposentadoria.

Todavia, o presidente da CNDL, José César da Costa, diz para se ter cautela. “Planejar a aposentadoria somente com a renda do INSS é um grande risco no contexto atual brasileiro, em especial depois das mudanças na Previdência Social. Além disso, o valor do benefício concedido dificilmente é suficiente para cobrir todas as despesas que não estão previstas. Logo, o aconselhado é complementar os ganhos da Previdência com um plano privado ou outro tipo de reserva. E quanto mais cedo começar, melhor”.

Crédito pessoal e consignado para amigos e familiares

Cerca de 28% dos aposentados mencionaram sobre a contratação do empréstimo consignado para amigos e familiares. Desse total, 20% o fizeram a pedido de outras pessoas e 8% ofereceram o crédito no seu próprio CPF. Em meio a essa realidade, ainda segundo a CNC, o empréstimo é considerado como uma forma de completar a renda.