Você já deve ter ouvido frases do tipo: “desta vida, a única certeza é a morte”, “para morrer, basta estar vivo”. A morte sempre foi, e talvez sempre será, uma das maiores questões da sociedade. 

Ela aparece ao longo da história com diversas interpretações. Por exemplo, os egípcios antigos usavam de muitos recursos e trabalho – escravo – para construção de enormes pirâmides que não serviriam como palácios de poder, mas sim como lugares onde viveriam depois da morte.

 

Mas afinal, o que é a morte?

Até hoje, cada comunidade, cultura e sociedade possui a sua forma de lidar com a morte. 

Para algumas pessoas, a morte é retratada como algo ruim. Para outras, é símbolo da vida e alegria. É o caso, por exemplo, das caveiras, que podem ser tanto objeto de terror como de alegria e igualdade – a caveira como pertencente a todas as pessoas.

Por não saber como lidar com a morte, pela incerteza do que acontece quando acaba a nossa vida – será que vamos para uma vida eterna junto de Deus, será que reencarnamos em outro corpo, ou será que apenas acabamos para sempre? – que a morte é algo que estamos buscando lidar contra.

Mesmo o homem sendo o único animal que pode acabar com a sua vida de maneira proposital – todos os outros animais possuem instintos de sobrevivência e não procuram situações de perigo ou de suicídio -, e mesmo possuindo, em algumas culturas, ideia de que pode reencarnar em outra vida, ou ascender ao paraíso, a maioria das culturas defendem a vida.

Dito desta forma, a luta contra a morte não deixaria também de ser um dos centros de atenção dos líderes de nossa comunidade atual – os bilionários que comandam a economia mundial.

 

Jeff Bezos

Um desses líderes da economia global que querem estudar o prolongamento da vida, e quem sabe a imortalidade, é o bilionário e excêntrico Jeff Bezos.

Criador da Amazon – empresa que tem variado cada vez mais suas áreas de atuação, desde a produção de ferramentas tecnológicas como SmartTVs, alto falantes e inteligências com comando de voz – Alexa; até plataforma de streaming, além, é claro, da plataforma de vendas – Bezos viu sua empresa crescer ainda mais durante a pandemia.

Em 2021, somente no segundo semestre, a empresa lucrou, de maneira líquida, US$ 7,8 bilhões.

Diante disso, o bilionário investiu no turismo espacial, levando outras pessoas ricas para ficar um tempo no ar, observando a Terra.

 

Altos Lab

Bezos agora parte para uma outra empreitada. É um dos fundadores da startup Altos Lab.

O ramo de atividade da nova startup de Bezos é o estudo da regeneração celular. A empresa comprovou ter, em laboratório, conseguido reprogramar células e torná-las mais novas. Isto ajudaria a curar tanto doenças de causas múltiplas, como o câncer, como doenças relacionadas com a velhice das células, como o Alzheimer.

Mas é claro que Bezos é apenas um investidor, e não um cientista. Na parte técnica da empresa, ou seja, na parte científica, a startup conta com Hal Barron, que foi contratado como CEO. Ele já havia trabalhado com o estudo da biologia e do tempo em outra empresa (a Calico LLC).

A startup também conta com a presença do Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2012, o médico japonês Shinya Yamanaka, que pesquisa células-tronco; a co-vencedora do Nobel de Química de 2020 Jennifer Doudna – bioquímica norte-americana; Frances Arnold, também vencedor do Prêmio Nobel de Química, no ano de 2018 – com pesquisa na área de engenharia de enzimas; e David Baltmore, que também ganhou um Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, dentre outros cientistas.

 

Yuri Milner também está entre os financiadores da pesquisa 

Outro bilionário que participa da parte de financiamento da startup Altos Lab é o russo-israelense Yuri Milner.

Apesar de ser também um cientista – físico formado em Moscou e com MBA na Universidade da Pensilvânia – Milner ganhou notoriedade mesmo como investidor. Ele é fundador da empresa de investimos de riscos Digital Sky Technologies (DST). Foi a partir dessa empresa que MIlner se tornou investidor do Facebook, do Twitter, do Spotify, Nubank e outras grandes organizações.   

 

Um voo de Ícaro?

A mitologia grega conta a história de Ícaro, que construiu asas, junto com seu pai, para fugir de uma prisão imposta a eles. Porém, ao perceber como as asas estavam lhe fazendo voar, Ícaro achou que poderia desafiar os deuses. No entanto, o Sol acabou derretendo a cola que prendia as penas de suas asas, e o herói acabou caindo e falecendo. 

Bezos já alcançou o céu com suas viagens espaciais. Agora tenta desafiar a morte com uma startup de rejuvenescimento celular.

Longe, porém, de qualquer grau de julgamento moral, o desafio de Bezos, Milner e dos cientistas é interessante. Como já dissemos no início da postagem, a luta contra a morte sempre existiu e sempre existirá. É ela que ilumina a medicina. Por fim, vale dizer que Bezos e Milner apostam na ciência, e não em qualquer outra coisa, para alcançar a imortalidade.

Esta é uma atitude louvável.