O Dia dos Namorados está se aproximando e deve ser um momento de melhores resultados para o comércio em São Paulo. Segundo a previsão da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o setor deve arrecadar 5,7% a mais que na data no ano passado. Diante disso, ao menos na comparação anual, junho ainda não será um mês de recuperação, porém será um mês de crescimento.

Para fazer o cálculo, a Fecomercio considerou um cenário em que, pelo menos a partir da segunda quinzena de junho, o Plano São Paulo estará em uma fase ainda mais flexível para o comércio, a partir da ampliação do horário de funcionamentos dos estabelecimentos e também das capacidades de ocupação.

Para a Federação, a previsão de crescimento do faturamento do varejo não dependerá somente do Dia dos Namorados: a realidade é que apesar da expansão de diversas atividades ligadas à data, o que vai ter impacto no setor de modo positivo é o efeito que a demanda reprimida terá em cima do cliente.

Com a liberdade de circulação restrita significativamente até o momento, as pessoas terão mais possibilidades de voltar às compras no mês que vem, quando as medidas estarão mais flexíveis. Não é para menos que, entre todas as atividades que compõem o levantamento, a que deve ter um maior faturamento é aquela na qual está englobado o grupo de combustível (outras atividades), com expansão de 15,4%.

Para além da demanda reprimida, o bom desempenho também deve acontecer na esteira da chegada de um novo período de vigência do auxílio emergencial, pago pelo Governo Federal, pela antecipação da primeira parcela do 13º salário para aposentados e pensionistas, como também pelo contexto de uma maior confiança dos consumidores em voltarem às compras depois de tanto tempo em quarentena.

Desse modo, essa atividade que já tem colecionado meses com excelente faturamento vai manter-se assim, como também as lojas de materiais de construção, que vêm sendo beneficiadas tanto pelo momento da construção civil e das vendas de imóveis, quanto em razão da demanda por reformas domésticas.

Sendo assim, a previsão é de que o varejo paulista fature cerca R$ 69 bilhões em junho, superando então tanto o desempenho do mesmo mês no ano de 2020, que foi o segundo melhor em vendas daquele primeiro semestre, quanto o de 2019, no mundo sem pandemia, onde a alta agora é de 8,7%.

Chama atenção ainda que, no cenário onde não aconteça injeção de cerca de R$ 1,5 bilhão do auxílio emergencial no orçamento das famílias em junho, o varejo em São Paulo também registraria crescimento, ainda que menor: 3,3%.

Diante de todas essas informações colhidas, é a primeira vez, desde o começo da pandemia, que o dinheiro do benefício federal não é protagonista na determinação do consumo no Estado, apesar da sua importância que ainda é muito relevante no atual cenário econômico.

Data vai impactar as vendas

O mês dos namorados será, de acordo com a FecomercioSP, o primeiro desde o início da pandemia em que a data comemorativa terá impacto efetivo nas vendas do comércio. Isso porque, ao analisar as atividades mais sensíveis a ela, como as perfumarias, por exemplo, algumas vão realmente registrar crescimentos que seriam naturais em um contexto sem a pandemia.

O caso mais expressivo é realmente o das perfumarias, que vão faturar perto de R$ 6 bilhões em junho, de acordo com a estimativa, número que é 14,1% maior do que foi registrado no mesmo mês em 2020.

Do mesmo modo, as lojas de roupas e calçados vão crescer 3,9% em comparação com o ano passado, arrecadando R$ 2,5 bilhões, o que é uma excelente notícia para um segmento que tem sido afetado profundamente pela crise do covid-19.

E apesar da queda de 10,3% prevista nas vendas de eletrodomésticos e eletrônicos, a somatória dessas atividades sensíveis ao Dia dos Namorados ainda é positiva: alta de 1,3% em relação ao junho de 2020 e de 11% na comparação com o mesmo mês no ano de 2019.

Portanto, de forma geral, o mês de junho é de boas perspectivas para o varejo: para além da volta do impacto de uma data comemorativa, ainda existe uma junção de diversos outros pontos positivos com a flexibilização do funcionamento dos estabelecimentos, a força da demanda reprimida dos meses de quarentena e a injeção de recursos nos orçamentos familiares.

Logo, tudo isso vai aumentar a confiança dos clientes e empresários. Apesar disso, a FecomercioSP também não deixa de mencionar e apontar sobre as incertezas de um contexto econômico que está totalmente marcado pela volatilidade.