Os investimentos tiveram crescimento de 1,6% em maio quando comparado com o mês anterior. Em relação ao mesmo período de 2020, o crescimento ficou em 0,5%. Os dados são do Indicador Mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

O indicador é composto por equipamentos e máquinas, construção civil, bem como outros ativos fixos e a sua evolução mostra aumento na capacidade produtiva da economia, bem como da reposição da depreciação do estoque de capital fixo.

De acordo com o IPEA, a alta nos investimentos de maio aponta para uma recuperação de somente uma parte da queda de 17,4% que foi registrada no mês anterior. Em abril, os investimentos foram influenciados pela forte queda nas importações, explicada como base de comparação elevada em março. Também foram vistas muitas operações envolvendo importações de plataformas de petróleo associadas ao Repetro, o regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens que são voltados para as atividades de pesquisa.

“Esse regime teve encerramento em dezembro do ano passado, mas mesmo tendo acabado existe uma defasagem com relação à contabilização do que aconteceu em dezembro. Por isso ainda foram vistos ao longo dos primeiros cinco meses de 2021 esses efeitos nas estatísticas porque são coisas que aconteceram até dezembro do ano passado, mas ainda estão sendo contabilizados”, explicou o autor da pesquisa do IPEA, Leonardo Carvalho.

“Ao longo dos próximos meses, a gente espera que isso não aconteça mais. A tendência é que esses efeitos contábeis acabem de uma vez por todas e se possa assim ter uma visão mais clara sem esse tipo de ruido”, apontou.

Com o resultado, no trimestre móvel terminado em maio, o indicador continuou apresentando queda de 19,2% em comparação ao período anterior terminado em fevereiro. Mesmo assim, em relação ao mesmo trimestre de 2020, o indicador de FBCF mostrou alta de 20%. No resultado acumulado em 12 meses finalizado em maio, os investimentos apresentaram crescimento de 7,2% contra 6,9% registrado em abril.

O consumo aparente em máquinas e equipamentos mostrou alta de 15% em maio, finalizando o trimestre móvel com queda de 32,9%. Enquanto a produção de máquinas e equipamentos destinados ao mercado interno apresentou crescimento de 4,8% no mês, a importação teve crescimento de 82,9% no mesmo período. Esse comportamento volátil nos últimos meses, tem sido explicado, em grande medida, pelo efeito das importações fictas de plataformas do petróleo associadas ao Repetro. No acúmulo de 12 meses, a demanda interna por máquinas e equipamentos registrou crescimento de 12,5%.

Construção Civil

O indicador de investimentos em construção civil, depois do modesto crescimento verificado em março, teve a segunda queda consecutiva na margem, recuando 1% em maio. Com isso, o segmento apresentou uma queda de 4,9% no trimestre móvel.

Para Leonardo Carvalho, até o mês de maio os indicadores de atividade e de emprego apresentavam queda. Em junho, já houve uma reversão em relação ao nível de atividade do setor e também nos níveis de emprego. “A gente espera que já em junho o nosso indicador também mostre alguma melhora nesse componente da construção, que é um componente importante para a economia como um todo, porque assim como serviços, a construção civil emprega bastante. Dessa maneira, como a gente ainda convive com taxas elevadas de desocupação, a recuperação da construção civil, assim como a de serviço, são fatores importantes para sustentar uma recuperação mais robusta da economia, por meio do mercado de trabalho que é o que realmente garante a sustentação ao consumo e ao investimento”, falou.

O pesquisador apontou que com o avanço da vacinação e a realização de projetos de infraestrutura, que vão ocorrer ao longo do ano, é possível acontecer uma melhora nos investimentos. “Vão melhorar também em relação à recuperação da construção, que é um componente com peso relevante e que emprega muito”, acrescentou.

O estudo ainda mostra que na comparação interanual, o desempenho foi heterogêneo. O destaque foi em razão da conta do componente construção civil, que teve um patamar 7,2% superior ao mês de maio de 2020. Enquanto o componente outros ativos fixos tiveram queda de 4,1% e a demanda por máquinas e equipamentos caiu 4%. Em comparação ao trimestre, os resultados foram positivos.

“Nas comparações com o ano passado, a gente tem percebido resultados elevados porque foi um período ruim, particularmente no mês de abril. A partir de maio já se percebe alguma recuperação, mas especificamente nos investimentos, com um mês de maio bastante forte e uma recuperação grande em maio do ano passado. Então, isso mostra porque o crescimento contra esse mês de maio do ano passado foi modesto no indicador”, apontou.