A Apple anunciou um programa de “auto-serviço” para que “os clientes que se sentem confortáveis” possam consertar seus próprios aparelhos.

No lançamento, que ocorrerá no início de 2022 nos EUA, ele cobrirá a substituição das baterias, telas e câmeras dos iPhones recentes.

Mas a nova loja de reparos da Apple irá disponibilizar mais de 200 peças e ferramentas.

Ela veio como resposta a uma crescente pressão sobre a Apple por parte do movimento popular de direito de reparação, que quer que indivíduos e oficinas de reparo independentes tenham a possibilidade de consertar seus próprios aparelhos eletrônicos.

“O auto-serviço de reparos é destinado a técnicos individuais que detenham conhecimento e experiência para consertar dispositivos eletrônicos”, afirmou a Apple.

Mas “para a grande maioria dos clientes” visitar uma loja de reparos autorizada seria uma opção melhor.

“Garantir maior acesso às peças originais da Apple dá aos nossos clientes ainda mais liberdade de escolha caso um reparo for necessário”, disse o chefe de operações da empresa, Jeff Williams.

“Ao desenhar produtos para que tenham durabilidade, longevidade e maior reparabilidade, os clientes desfrutam de um produto duradouro que mantém seu valor ao longo dos anos”, declarou a companhia.

Vitória expressiva

Com muita frequência, a Apple tem sido apontada como a empresa que mais se opõe ao direito de reparo por iniciativa de seus clientes, alegando problemas de segurança.

O site de instrução de reparos independente iFixit, que recentemente fez uma afirmação de que a Apple faz do reparo de telas do iPhone uma tarefa muito difícil, tuitou: “Nunca pensamos que veríamos este dia”.

“Desde sempre a Apple afirma que deixar os consumidores consertar seus próprios aparelhos é algo perigoso”, disse o iFixit em declaração à mídia.

“Agora, com interesse governamental renovado nos mercados de reparo — e logo após uma publicidade muito mal feita… A Apple veio com um interesse inesperado em permitir que as pessoas consertem as coisas que possuem”.

E os especialistas em reviews de hardware de computador Hardware Canucks escreveram: “Pode ser um pequeno passo, se considerarmos o todo  — mas a Apple fazer isso, já conta como uma vitória expressiva para o movimento pelo direito de reparação dos aparelhos”.

A Apple declarou que o programa de auto-serviço de reparação permitiria a possibilidade dos clientes “se juntarem a mais de 5.000 fornecedores autorizados da Apple e mais 2.800 independentes que têm acesso a essas peças, ferramentas e manuais”.

Ela vinha expandindo sua rede de centros de reparos autorizados, portanto o acesso a peças oficiais “quase dobrou” nos últimos três anos, afirmou.

Estados americanos consideram legislação parecida

Mas a forma como os reparos da Apple são conduzidos têm sido criticados, há muito tempo, por terem termos e restrições complicados, como, por exemplo, ao limitar a origem das peças de reposição —  tornando muito difícil que um componente qualquer de um smartphone quebrado pudesse ser facilmente colhido e “transplantado” para reparo.

Além disso, a empresa tem um controle rígido sobre os preços desses componentes.

O movimento pelo direito de reparo tem atraído muita atenção nos últimos anos, com vários estados americanos considerando implantar uma legislação de “reparo justo”.

E no início deste ano, o cofundador da Apple, Steve Wozniak — que criou os primeiros computadores da Apple em uma garagem com Steve Jobs nos anos 70 — se manifestou a favor do movimento.

“Não teríamos tido uma Apple se eu não tivesse crescido em um mundo de tecnologia muito aberto”, disse ele, em julho.