Você já ouviu falar sobre a síndrome de Bournout, ou apenas síndrome de esgotamento profissional

Até o ano passado o Burnout  era classificado como “problema relacionado com a organização do seu modo de vida” pelo código internacional de doenças (CID), organizado por uma entidade internacional ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS).

A partir de janeiro deste ano, este tipo de problema passou a ser classificado como um “fenômeno relacionado ao trabalho”. Isto porque houve o lançamento de uma nova CID, a CID-11. Assim, podemos dizer que se trata de um distúrbio psíquico que atinge os trabalhadores.

Este mês estamos no “Janeiro Branco”. É um mês de atenção aos problemas relacionados com a saúde mental. 

Já fizemos aqui no site uma reportagem falando sobre como a pandemia mudou as prioridades dos trabalhadores, colocando a saúde mental no grau de maior importância. Você pode ler sobre o assunto neste link.

Agora, vamos falar especificamente sobre o que é a síndrome de Burnout, como identificá-la e como buscar ajuda.

 

Incendiar para fora

Bourn, em inglês, significa queimar, incendiar, carbonizar, arder. Out, por sua vez, significa fora. Assim, a junção das duas expressões seriam como um “incendiar para fora”.
Aquele que sofre dessa doença tem um estouro. Não consegue mais reprimir, dentro de si, algo que lhe incendeia por dentro. Ele precisa colocar aquilo para fora. E pode fazer isso de uma maneira que pode ser fatal.

 

Sintomas do Burnout

Os principais sintomas de uma síndrome de Burnout que você deve estar atendo e atenta são:

  1. nervosismo
  2. excessivo cansaço mental e físico
  3. moleza, abatimento
  4. dores frequentes na cabeça
  5. pressão alta
  6. dores musculares
  7. problemas gastrointestinais
  8. alteração no apetite e no humor
  9. insônia
  10. dificuldade de concentração
  11. sentimentos de fracasso, incompetência e insegurança
  12. negatividade constante
  13. isolamento

 

Porém, esses são sintomas que podem ser sentidos a todo momento por qualquer pessoa. Aquele que sofre da doença pode achar que seus sintomas se referem com problemas do sistema digestivo, cardíacos, neurológicos (dor de cabeça). Ou pior, achar que o sentimento de cansaço e de moleza está relacionado com preguiça, com falta de vontade.

Sentir-se um fracasso, em uma sociedade que sempre cobra que metas sejam sempre batidas, é algo considerado comum nos dias atuais. Por isso, o trabalhador deve estar sempre atento a metas excessivas e desnecessárias, cobradas por ele com ele mesmo, ou cobradas pelas empresas

Pior ainda, no empreendedorismo – tão incentivado, o Microempreendedor individual (MEI), ou mesmo o trabalhador por conta própria – sem uma empresa constituída, pode se tornar um alvo fácil do Burnout sem perceber.

 

Apagão e internamento

Lili (nome fictício), trabalha hoje em uma empresa que exporta madeiras. Desde os 16 anos tem emprego. É formada em Comércio Exterior, e assim que se formou (2006) foi trabalhar no ramo na Itália. Também trabalhou com “Comex” em diversos outros países.

Em março de 2018, de volta ao Brasil, a rotina dela era de duas viagens por semana para São Paulo, uma vez por mês para Minas Gerais e constantemente para o Rio Grande do Sul. Morava na cidade de Paranaguá, no Paraná, onde era a sede da indústria em que ela trabalhava – em tempo, Paranaguá possui o maior porto graneleiro da América Latina, e terceiro em containers do Brasil. Além disso, a trabalhadora ia a cada seis meses para os Estados Unidos. “Eu praticamente vivia dentro de aviões e salas de reuniões” afirma.

No período, passou a ter os sintomas colocados acima. Passou por uma sequência de médicos. Pelo oftalmologista, que ela procurou por conta da dor de cabeça, foi encaminhada para um endocrinologista – por conta da falta de apetite e perda de peso. O endocrinologista sugeriu um gastroenterologista, que pediu um exame da laparoscopia para ver se havia algum vírus. 

Durante todo este período investigativo, diversas idas e vindas aos Pronto-Socorros, quando as dores de cabeça eram muito fortes. Passou a ter insônia, falta de ar. Houve ainda um clínico-geral que lhe pediu exames de sangue e tomografia.

Foi apenas em setembro do mesmo ano, sete meses após o início dos sintomas, que um médico do Posto de Saúde o indicou procurar um neurologista, e que receitou um antidepressivo. 

Em novembro do mesmo ano, durante uma reunião de trabalho, sofreu um apagão repentino. Só então que foi diagnosticada como portadora do Burnout. 

Após o fato, Lili foi afastada por 15 dias, retornando ao trabalho, após o período, com medicamentos controlados. Como tudo estava aparentemente normal, em 30 dias foi autorizada pelo médico da empresa para retornar à rotina de viagens.

10 dias depois, teve uma nova crise, sendo internada em clínica psiquiátrica e afastada por 6 meses do trabalho.

 

Burnout pode gerar indenização trabalhista

Lili afirma: “passei por 3 médicos psiquiatras e neuropsiquiatras, além de 3 clinicas renomadas e todos me alertavam para a mesma coisa ‘o ambiente tóxico do trabalho e o excesso de atividades, a pressão…’ foi  o que me adoeceu

Os fatos ocorreram antes de 2022. Se fossem nos dias de hoje, com a mudança de classificação do Burnout para uma doença relacionada ao trabalho, Lili poderia requerer indenização trabalhista.

 

Conclusão

Os sintomas de Burnout podem ser confundidos com muitas outras coisas. Até mesmo com falta de vontade, preguiça, do trabalhador.

Fique alerta, muitos não profissionais por aí, muitos se autointitulando coaches, treinadores da mente, vendem estratégias que te colocam na situação de preguiçoso e fracassado.

É sempre importante você buscar um profissional, médico ou psicólogo, para ver se você não está sofrendo por esgotamento.

A colocação do Burnout como doença passível de indenização trabalhista é um alerta para que você esteja atento e tome cuidados com sua saúde. Antes de buscar um direito, você deve mesmo cuidar para que nada ocorra.