Os bancos digitais estão se expandindo em um ritmo acelerado, mas as instituições financeiras tradicionais não estão ficando para trás, visto que elas estão adquirindo plataformas e investimento, apostando cada vez mais na tecnologia para diversificar a oferta de serviços e assim ampliar a segurança de dados. Tudo isso sem esquecer a presença física também.

Apesar da concorrência, os bancos tradicionais ainda contam a favor deles a liderança em número de clientes. No primeiro trimestre de 2021, a base de clientes da Caixa era de 145,3 milhões, em seguida o Bradesco com 98,6 milhões, Itaú com 82,9 milhões, Banco do Brasil com 68,8 milhões e Santander com 51,3 milhões, é o que aponta o Banco Central.

Segundo a pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os bancos (incluindo aqui os digitais) investiram quase R$ 9 bilhões em tecnologia no ano de 2020 – o que mostra um aumento de 7% em relação a 2019, quando não existia a pandemia do coronavírus no Brasil. Em 2016, esse montante era de apenas 5,3 bilhões, revelando assim uma evolução de 67% em 4 anos.

“Com a popularização dos serviços financeiros através dos canais digitais, continuamos avançando no terreno importante da inclusão financeira brasileira, em especial com o mobile banking, que permite ao cliente carregar o banco no seu bolso. Praticamente todas as operações bancárias podem ser realizadas de modo eletrônico”, diz Rodrigo Mulinari, diretor setorial de tecnologia e automação bancária da Federação Brasileira de Bancos.

O levantamento ainda apontou que as transações realizadas pelo celular registram avanço de 64% em 2020, impulsionadas por conta da pandemia e pelo Auxílio Emergencial. As transações financeiras que mais cresceram no ano passado foram:

  • Investimentos: 63%;
  • Transferências: 60%;
  • Pagamentos de contas: 51%;
  • Crédito: 44%.

Segundo o diretor de negócios do Santander, Geraldo Rodrigues Neto, 100% das transações para pessoas físicas podem ser feitas de maneira digital, exceto o saque de dinheiro. Para abertura de uma conta, por exemplo, o banco solicita informações e imagens digitalizadas dos documentos. Inclusive, cerca de 500 mil contas são abertas mensalmente, sendo que metade delas é de forma digital.

Tecnologia no setor bancário

Nesse processo de digitalização e aceleração da conexão com a plataforma open banking, o Santander comunicou em junho a compra de duas startups: Mobills, o aplicativo de gerenciamento financeiro, e a Monetus, gestora de investimentos digitais. De acordo com Rodrigues Neto, o banco agora deseja digitalizar os processos para pessoas jurídicas, que tende a ser mais burocrático, uma vez que envolve sociedade.

A partir dos investimentos realizados em tecnologia, o Santander fechou 3.564 agências físicas e pontos de atendimento no ano de 2020.

Relevância das agências físicas

Com a proposta de ser físico e digital (figital), o Itaú Unibanco também está realizando investimentos para avançar no meio digital, com o intuito de ainda manter as raízes no meio físico. Segundo Renato Lulla, diretor de relações com investimentos, a instituição hoje se relaciona com 60 milhões de consumidores nos mais diversos canais, como internet, agências e telefone. Apesar da campanha, nos últimos 5 anos, o banco fechou cerca de 25% das agências no Brasil.

“A proximidade com nossos consumidores tem mais a ver com a disponibilidade do que necessariamente a presença física. Nós disponibilizamos cada vez mais recursos para autosserviço através da via digital, assim os clientes só vão para as agências se quiserem ir e não para solucionar problemas”, diz ele.

Para não ficar atrás das fintechs, o Itaú dobrou o investimento em tecnologia de 2018 a 2021, porém os números exatos não foram divulgados pelo banco. Dessa maneira, Lulla diz ter sido possível diminuir os custos com a infraestrutura em 28% e dobrar a produtividade da equipe.

Por exemplo, no ano de 2019 o banco lançou o Iti como carteira digital e expandiu o serviço para uma operação bancária virtual e totalmente gratuita para jovens e desbancarizados. A plataforma hoje tem 6 milhões de clientes e a expectativa é que chegue a 15 milhões até o final do ano.

Com o objetivo de ampliar os clientes, o Itaú também está apostando na diversificação de cartões atrelados a vantagens e em parceria com diversos varejistas, como Magazine Luiza e Pão de Açúcar. Atualmente, o banco tem mais de 70 milhões de cartões em utilização por cerca de 46 milhões de consumidores.

Investimentos mais atrativos

No início do mês de julho, o Next, banco digital do Bradesco, lançou um CBD (Certificado de Deposito Bancário) com remuneração equivalente a 200% do CDI nos primeiros 30 dias de aplicação, um nível de remuneração que havia sido ofertado anteriormente apenas por bancos digitais.

Para funcionar como um banco digital verdadeiramente, o Next aumentou a sua curva de crescimento para chegar a 7 milhões de clientes até o final deste ano. No final do primeiro trimestre, a instituição já tinha alcançado 4,4 milhões de consumidores, volume 244% acima em relação ao mesmo período do ano anterior.