O desemprego no Brasil já atinge taxa recorde de 14,7% no primeiro trimestre de 2021, em meio aos obstáculos impostos pela pandemia no país, é o que divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de desempregados também bateu um novo recorde, chegando a atingir cerca de 14,8 milhões de pessoas.

De acordo com o IBGE, esta é a maior taxa e o maior contingente de desocupados de todos os trimestres da série histórica, que teve início em 2012.

O resultado aponta uma alta de 6,3% ou de mais de 880 mil pessoas na fila por uma vaga de trabalho no Brasil, na comparação com o quarto trimestre de 2020. Em um ano, 1,956 milhão de pessoas entraram nas estatísticas de desemprego do país.

Evolução da taxa de desemprego

No levantamento anterior feito através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínuos (Pnad), referente ao trimestre encerrado em fevereiro, a taxa de desemprego estava em 14,4%, atingindo assim cerca de 14,4 milhões de brasileiros, número recorde até então. Apesar dos recordes negativos, o resultado foi dentro do esperado. A mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que a taxa atingiria 14,7% em março.

“O primeiro trimestre de cada ano, como já se viu em outros anos, é realmente uma fase de aumento da desocupação. Ou seja, não é um movimento desse ano especificamente, mas um comportamento relativamente esperado para este trimestre de 2021. Porém, essa sazonalidade pode estar sendo elevada pelos efeitos de 2020 sobre o mercado de trabalho”, disse a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

Desalento atinge recorde

A população brasileira desalentada, aqueles que desistiram de ir em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho, também atingiu um patamar recorde, com cerca de 6 milhões de pessoas, crescendo assim 25,1% ante o mesmo período de 2020. Desse modo, o percentual de desalentados na força de trabalho foi de 5,6%. Logo, a taxa de desemprego no Brasil só não é maior ainda porque várias pessoas desistiram de procurar por uma ocupação.

É importante ainda apontar que o IBGE considera como desempregado apenas os trabalhadores que efetivamente buscaram emprego nos últimos 30 dias anteriores à realização da pesquisa.

Falta trabalho para 33,2 milhões

O contingente de pessoas subutilizadas no Brasil chegou a 33,2 milhões e atingiu assim o recorde da série, com aumento de 3,7% (mais de 1 milhão de pessoas) frente ao trimestre móvel anterior e de 20,2% (mais de 5,6 milhões) na comparação anual. Por sua vez, a taxa de subutilização ficou em 29,7%, contra 28,7% no trimestre anterior. Há um ano, a taxa era de 24,4%.

O contingente classificado pelo IBGE como trabalhadores subutilizados abrange, além dos desempregados e desalentados, aqueles que estão subocupados, ou seja, que trabalham menos de 40 horas por semana, e os que poderiam estar ocupados, porém não trabalham por razões diversas.

No primeiro trimestre se encontravam nessa condição:

  • 14,8 milhões de desempregados: pessoas que não trabalhavam, porém estavam em busca de emprego nos últimos 30 dias;
  • 7 milhões de subocupados – pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;
  • 11,4 milhões de pessoas que poderiam trabalhar mais, porém não trabalham: inclui 6 milhões de desalentados e 5,4 milhões que podem trabalhar, porém não têm disponibilidade por diversos motivos, como mulheres que precisam cuidar dos filhos, por exemplo.

Confira outros destaques da pesquisa

  • Em 3 meses, número de desempregados cresceu em 880 mil pessoas;
  • A população ocupada (85,7 milhões) ficou estável em comparação com o quarto trimestre, mas o nível de ocupação recuou para 48,4% contra 54,5% em trimestre igual no ano anterior;
  • Em 1 ano, houve diminuição de 6,6 milhões de postos de trabalho no Brasil;
  • A categoria de trabalhadores por conta própria cresceu 565 mil;
  • Número de trabalhadores com carteira assinada ficou estável frente ao trimestre, porém caiu 10,7% em um ano;
  • Número de trabalhadores sem carteira assinada diminuiu 2,9% em três meses;
  • Informalidade ficou estável, com 34 milhões de pessoas;
  • Desemprego entre as mulheres atingiu recorde de 17,9%, enquanto que entre os homens foi de 12,2%;
  • Desemprego é mais alto para pessoas com ensino médio incompleto.

Melhora do mercado de trabalho

O Ministério da Economia havia divulgado anteriormente que a economia brasileira gerou 120.935 empregos de carteira assinada no mês de abril, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Então, este foi o menor saldo positivo mensal registrado em 2021.

Contudo, economistas avaliam que a melhora do mercado de trabalho só será percebida a partir do segundo semestre de 2021, uma vez que ela está condicionada ao progresso da vacina e uma recuperação mais firme do setor de serviços – o que mais emprega no Brasil e o mais afetado pelas medidas restritivas para conter o avanço do coronavírus.