Grande parte das pessoas entendem que controlar os gastos é a melhor maneira de organizar finanças e não ter despesas maiores do que se ganha. Parece fácil, mas no momento da prática, muitos sentem dificuldade em seguir esse conselho. A situação se agrava ainda mais quando não existe o monitoramento das despesas e, como resultado, se perde o controle. A partir desse ponto surgem os problemas com dívidas e comprometimento da renda.
Inclusive, esse cenário de inadimplência no Brasil é bem mais recorrente do que você imagina. Só em janeiro de 2021, o endividamento familiar chegou a 66,5%. No entanto, existe uma maneira de evitar esse tipo de situação e não entrar nessa estatística: entendendo o conceito de comprometimento de renda e aplicando-o na sua vida financeira.
Mas afinal, o que é?
De modo bem direto e simples, esse comprometimento da sua renda pode ser compreendido como um valor do seu orçamento mensal que já tem destino, ou seja, que está comprometido com despesas e débitos que você realizou anteriormente.
Um exemplo bem simples é o seguinte: uma pessoa com salário mensal de R$ 2.000,000 que paga mensalmente um aluguel de R$ 400,00, possui parcelas diversas (cartão de crédito, financiamento, etc) no valor de R$ 350,00, além de ter despesas mensais de R$ 250,00 com alimentação. Essa pessoa já comprometeu 50% dos seus ganhos, uma vez que dos R$ 2.000,00 recebidos, R$ 1.000,00 já têm destino certo.
Ter despesas superiores ao seu salário no mês leva à inadimplência e à inserção do seu CPF nos órgãos de proteção ao crédito, como SPC e Serasa.
E qual é a importância?
Um dos pontos básicos para a melhor organização e controle financeiro é não gastar mais do que você ganha. Então, esse limite do comprometimento da sua renda serve exatamente para esse objetivo, evitar que você tenha despesas maiores do que o seu salário, prejudicando as suas finanças.
Inclusive, a partir do momento que você ignora esse limite, várias consequências surgem, como:
- Endividamento – assumir compromissos financeiros sem fazer uma avaliação da sua renda leva ao endividamento;
- Uso do cheque especial – quando se deparar com as contas desorganizadas, uma das alternativas mais usadas é o cheque especial, e sair dele posteriormente é difícil;
- Necessidade de empréstimo – quando você não avalia seu orçamento e compromete seu salário mais do que deveria, é muito provável que sinta a necessidade de recorrer ao empréstimo.
Qual deve ser o limite do comprometimento de renda?
Agora você já entendeu do que se trata o comprometimento da renda e a importância de adotá-lo para evitar as consequências que prejudicam a sua vida financeira, certo? Contudo, fica a dúvida: qual deve ser o limite dele?
É importante retomar o conceito anteriormente mencionado: você nunca deve gastar mais do que recebe, pois essa é uma garantia de que você vai conseguir cumprir com todas as suas obrigações financeiras no mês, sem ficar com o orçamento apertado.
Então, o conselho mais comum dados pelos especialistas é de que o limite de comprometimento seja de no máximo 30% do seu salário, especialmente se dentro dessa quantia existir contas referentes a financiamentos e empréstimos.
Inclusive, vários cálculos de empréstimos levam como base esse percentual, por isso o pedido de crédito pode ser recusado. Ora, se o valor desejado é superior à porcentagem dos seus ganhos, por questões de segurança, a solicitação é negada.
No entanto, é importante salientar que diversos especialistas do mercado financeiro defendem que o comprometimento de renda deva ser inferior a 30%, principalmente em razão dos juros, que podem tornar um simples débito uma verdadeira bola de neve.
Veja como calcular o comprometimento de renda
Calcular o nível do comprometimento da sua renda é fácil. Aliás, ele depende somente da organização e de hábitos financeiros saudáveis, como você vai conferir abaixo. Veja!
Anote as despesas fixas
Anotar as despesas fixas é o primeiro passo, pois apenas com o controle dos seus gastos é que você consegue ter o valor exato do quanto o seu dinheiro é comprometido com esses débitos. Então, algumas despesas fixas são:
- Aluguel;
- Transporte;
- Alimentação;
- Parcelas de empréstimo ou financiamento;
- Compras do cartão de crédito, dentre outros.
Conheça seus ganhos
Você só consegue ter uma ideia do seu limite e nível de comprometimento quando você sabe com exatidão o valor que recebe. Logo, é o momento de enumerar todos os seus rendimentos, de preferência os fixos, sem levar em consideração as rendas extras, visto que elas são variáveis e não garantidas.
Estipule as despesas extras
Agora é o momento de você estipular as suas despesas extras, ou seja, aquelas que não acontecem constantemente, mas que acabam fazendo diferença no seu orçamento de vez em quando.
A partir disso, você já terá uma ideia exata da sua vida financeira mensal, o que garante que você não comprometa seu salário e assim evita-se o endividamento.
É muito importante respeitar o comprometimento de renda, pois isso diminui as suas chances de entrar na estatísticas de endividamento e ainda promove um melhor controle financeiro dos seus gastos.