O Open Banking é, basicamente, um novo conjunto de regras de comunicação digital do mundo financeiro que, em breve, irá mudar o mercado de maneira drástica ao abrir as possibilidades para o cliente e, em especial, para os bancos e instituições financeiras. Com a nova regulamentação, as empresas devem reagir de modo diferente e quem já aderiu ao mundo digital deve ganhar mais competitividade.

Em suma, o Open Banking possibilita que as instituições financeiras e os bancos façam o compartilhamento dos dados dos clientes entre si, desde que o mesmo ofereça o aval para tal. A partir do momento em que essa regra passar a ter validade, as fintechs, players que trabalham em um mercado mais nichado e com foco em um público mais restrito, devem ter acesso imediato a um grande volume de informações, que anteriormente eram restritas às instituições financeiras tradicionais.

Isso, sem sombra de dúvidas, vai dar um grande fôlego para os bancos digitais, como o Nubank, por exemplo, que tem apresentado um crescimento forte nos últimos anos. Em um relatório divulgado pela XP, por exemplo, estimou-se que o banco digital pode superar até mesmo o Banco do Brasil em número de clientes no ano de 2023, quando irá completar seu décimo ano de vida.

De acordo com o levantamento, os bancos digitais passaram a representar mais de 50% de todos os downloads de aplicativos de instituições financeiras em 2020. Esse percentual, só para se ter uma ideia, era de 2% no ano de 2015.

Bancos tradicionais também irão ganhar em informação

Por outro lado, os bancos tradicionais passam a ter conhecimento sobre os dados mais específicos dos seus clientes. Por exemplo, um cliente que tenha conta no Bradesco e no Inter, e investe somente neste último, poderá ser compreendido de forma melhor pelo Bradesco do que é atualmente.

Dessa maneira, os especialistas acreditam que os bancos tradicionais vão continuar a acelerar o seu processo de digitalização, aumentando os níveis dos investimentos em tecnologias e segurança da informação e, em especial, mudar a maneira como ofertam seus produtos, deixando de concentrar as suas ofertas em financiamento de veículos ou casas e cheque especial a um grande número de consumidores.

Portanto, esse é o momento do consumidor, uma vez que o open banking tem o objetivo de fazer com que cada pessoa seja dona dos seus próprios dados. Logo, ela pode fazer o que bem desejar com as suas informações, migrando de bancos ou fazendo o melhor em cada instituição financeira.

Ora, se ela vê que o banco X é melhor em crédito, que o Y oferta melhores aplicações financeiras e o W foca em previdência privada, por exemplo, isso faz com que ela seja capaz de ter uma carteira de serviços completa integrando os três. Portanto, é o cliente que vai construindo o banco que desejar.

A regra integra a agenda do Banco Central do Brasil de modernizar o panorama econômico e financeiro do país e também acirrar a competividade no setor, que já mudou de maneira drástica com a entrada de grandes players, como Nubank e Inter. Assim como o PIX, o mercado deve, no final das contas, garantir mais “lucro” para o consumidor.

Assim, um bom cliente deve passar a ter benefícios, pois os bancos começarão a trabalhar com foco nesse tipo de consumidor, tratando-o de maneira diferente. Inclusive, isso mostra que os clientes que possuem um bom histórico de pagamento, terão mais vantagens do que aquele negativado. Inclusive, será possível perceber um maior apetite ao risco, uma vez que já existem instituições financeiras que cobram taxas maiores em razão dos inadimplentes.

Oferta de crédito será impulsionada

Com essa mudança no tratamento dos consumidores, o crédito deve se tornar bem mais acessível e também mais amplo, uma vez que as análises, que antes eram criteriosas, se tornarão mais dinâmicas e com um volume de informações ainda maior.

A partir dessa troca de informação, o crédito, tanto para pessoas físicas quanto para empresas, torna-se bem maior. A taxa de default será menor e o mais importante, o crédito se tornará mais assertivo, o que é vantajoso para todo mundo.

Aquisições estão em alta

Ainda nos últimos dias, o PicPay anunciou a compra de 100% do GuiaBolso, com pagamento em dinheiro e ações. Com a transação, a fintech tem foco em justamente adiantar-se nesse panorama, que deve se tornar cada vez mais competitivo. Na ocasião, o vice-presidente de serviços financeiros do PicPay, Eduardo Chedid, informou que a compra vai posicionar a fintech como “protagonista do open banking”.

No entanto, a compra do Guia Bolso não é um caso isolado no mercado, que tem passado por um movimento muito forte de aquisições e busca por inovação, como é o caso do Nubank que comprou a Easynvest, por exemplo.