Pela sexta semana seguida, a expectativa do mercado financeiro quanto à inflação de 2021 foi revisada para um valor maior. Além disso, a previsão do crescimento do PIB foi revisada para um valor inferior.

Essas são as previsões mais recentes informadas no Relatório Focus desta quarta-feira (17). Mais de 100 instituições financeiras foram pesquisadas para fornecer os dados consolidados no boletim, divulgado semanalmente pelo Banco Central. Ele mostra a evolução gráfica e comportamento semanal de projeções para diversos indicadores econômicos como a taxa Selic, índices de preços e valores de câmbio. Essas previsões são apenas compiladas pelo BACEN, sendo fornecidas pelo mercado.

A expectativa do mercado para o principal indicador da inflação, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi revisado de 3,60% para 3,62%. Porém, o aumento ainda mantém a previsão abaixo da meta central de 3,75%. Inclusive, se a inflação de 2021 assumir qualquer valor entre 2,25% e 5,25%, a meta é considerada cumprida.

Os preços dos alimentos subiram bastante em 2020, e como são parte significativa do cálculo do IPCA, o índice encerrou o ano em 4,52%, maior valor desde 2016. O centro da meta era de 4%, o que indica uma inflação superior àquela que se objetivava, mas ainda assim respeitando o intervalo de tolerância.

O boletim também apresenta a previsão para a inflação de 2022, que foi mantida pelo mercado em 3,49%, muito próxima da meta central já estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional de 3,50%, oficialmente cumprida se, no ano que vem, assumir qualquer valor entre 2% e 5%.

Metas Inflacionárias

O sistema de metas é um compromisso assumido pelo Banco Central de tomar as medidas cabíveis e a seu alcance para manter a inflação dentro de uma faixa desejável pelo mercado. Esse compromisso se faz necessário para aumentar a certeza dos agentes do mercado sobre o comportamento do valor da moeda.

Se a inflação cresce de forma descontrolada fica impossível para os cidadãos planejarem seu futuro, pois suas economias são corroídas por uma perda de valor muito intensa em período muito breve. Do mesmo modo, contratos de bens ou serviços cujos valores são corrigidos monetariamente pela inflação podem se tornar totalmente impossíveis de serem honrados, uma vez que os fundos que cobririam o serviço podem não estar sujeitos a reajustes tão altos.

Por outro lado, se a inflação diminui de forma descontrolada os preços podem cair, o que a princípio pode até parecer interessante, mas pode ocasionar redução da capacidade produtiva. Preços muito baixos significam excesso de oferta e, para retorná-los ao patamar anterior as indústrias devem readequar a oferta à demanda, reduzindo sua produção. Isso significa eliminação de postos de trabalho, ou seja, aumento do desemprego.

Para manter a inflação dentro dessa faixa de interesse do mercado, a principal ferramenta do Banco Central é a definição da taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia. Com juros maiores os atores são incentivados a poupar, reduzindo o fluxo de dinheiro no mercado e, potencialmente, reduzindo a inflação. Com juros menores, os atores são incentivados a gastar, aumentando o fluxo de dinheiro no mercado e, potencialmente, aumentando a inflação.

Expansão limitada

O aumento do PIB previsto para 2021 também não teve uma revisão otimista. A expectativa da semana passada era de que o Produto Interno Bruto, soma dos valores de todos os bens e serviços produzidos no país ao longo de um período, no caso anual, crescesse 3,47% esse ano. Esta semana essa expectativa de crescimento caiu para 3,43%.

Enquanto a previsão de aumento do PIB em 2021 caiu pela segunda semana seguida, a previsão do aumento para 2022, também informada pelo Focus, se manteve em 2,50%.

Taxa de juros

Como importante indicador econômico e principal instrumento de regulação da inflação por parte do BC, a taxa Selic também tem as respectivas expectativas informadas pelo boletim. A previsão para essa taxa no fim de 2021 subiu de 3,50% para 3,75% ao ano. Já para o fim de 2022, a previsão dos economistas é de que a taxa alcance 5% ao ano.

Hoje a Selic está em 2% ao ano, e foi mantida dessa forma pelo Copom, Comitê de Política Monetária do Banco Central, desde agosto de 2020.

Outras expectativas

Balança Comercial

A previsão para o resultado do total de exportações menos o total de importações realizadas em 2021 subiu de 55 para 57 bilhões de dólares. O superávit previsto para 2022 subiu de 49,7 para 49,85 bilhões de dólares.

Investimento Estrangeiro

As expectativas de entrada de investimentos no Brasil se mantiveram estáveis tanto para 2021, em U$ 60 bilhões, quanto para 2022, em U$ 70 bilhões.

Dólar

A previsão para o câmbio da moeda norte americana ao final de 2021 foi mantida em R$ 5,01 e também foi mantido o valor previsto para o final de 2022, R$ 5.