O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 1,2% no mês de maio, em comparação a abril, como apontam os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com esse resultado, o setor novamente superou o nível em que se encontrava antes da pandemia, ficando 0,2% acima do patamar de fevereiro de 2020, o que reflete a maior flexibilização das medidas restritivas que haviam sido adotadas em razão do agravamento dos casos de covid-19.

Inclusive, esse foi o maior resultado para um mês de maio, comparado com abril, de toda a série histórica da pesquisa, que teve início em 2011. Na comparação com maio do ano de 2020, o setor teve avanço de 23%, sendo essa a terceira taxa positiva consecutiva e também a mais intensa da série histórica, que teve início em 2011. No acumulado de janeiro e abril, o setor tem alta de 7,3%. Em 12 meses, entretanto, ainda está negativo, com perda de 2,2%.

Volume de serviços

O setor de serviços é o que tem maior peso na economia e o que mais emprega, assim ele tem sido o mais afetado pelas medidas restritivas que visam conter o avanço da pandemia do coronavírus. O setor retornou ao patamar pré-pandemia pela segunda vez no ano. Antes de sofrer uma queda significativa em março, já havia realizado o feito em fevereiro, quando ficou 1,2% acima do nível registrado um ano antes.

No entanto, o resultado ainda está abaixo do esperado. A mediana das estimativas de 16 consultorias e instituições financeiras ouvidas, era de que haveria uma expansão de 1,3% na comparação com abril. O intervalo das projeções ia de alta de 0,3% a 3%.

Setor ainda não foi capaz de recuperar as perdas de março

“Com dois meses de resultados bons, o setor foi capaz de acumular alta de 2,5%, ainda insuficiente para recuperar as perdas de março (-3,4%), porém dá sinais de aquecimento na maior parte dos seus segmentos de atividades. Mesmo assim, ainda se encontra 11,3% abaixo do recorde histórico, alcançado em novembro de 2014”, diz o IBGE.

Em fevereiro de 2020 o setor de serviços operava 11,5% abaixo do ponto mais alto registrado na série, é o que lembra Rodrigo Lobo, o gerente da pesquisa. Ele ainda salienta que, apesar de o setor estar operando em nível semelhante, ele agora tem constituição bem diferente, devido à perda de participação de algumas atividades e ao ganho de participação de outras.

Avanço em 3 das 5 grandes atividades

Das 5 grandes atividades investigadas pela pesquisa, 3 delas tiveram crescimento em maio, com destaque para os segmentos:

  • Transporte, serviços auxiliares ao transporte e correios (3,7%);
  • Serviços prestados às famílias (17,9%).

No acumulado em um ano, entretanto, os serviços prestados às famílias ainda apresentam queda de 27,9%. “A atividade de serviços prestados às famílias, ainda continua bastante longe do patamar pré-pandemia: 29,1% abaixo. A de serviços profissionais, administrativos e complementares, que teve alta de 1% em maio, também não foi capaz de se recuperar ainda, estando 2,7% abaixo do nível em que se encontrava em fevereiro de 2020”, explicou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa.

Confira abaixo a variação dos subgrupos de cada uma das atividades em maio:

  • Transporte aéreo: 60,7%
  • Serviços de alojamento e alimentação: 18,0%
  • Serviços prestados às famílias: 17,9%
  • Outros serviços prestados às famílias: 5,5%
  • Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 3,7%
  • Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: 3,6%
  • Transporte terrestre: 3,3%
  • Serviços audiovisuais, de edição e agências de notícias: 2,0%
  • Serviços administrativos e complementares: 1,5%
  • Serviços técnico-profissionais: 1,3%
  • Serviços profissionais, administrativos e complementares: 1,0%
  • Telecomunicações: 0,0%;
  • Transporte aquaviário: -3,3%
  • Serviços de Tecnologia da Informação: -1,9%
  • Serviços de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC): -1,6%
  • Serviços de informação e comunicação: -1,0%
  • Outros serviços: -0,2%

Serviços prestados às famílias ainda distante da recuperação

Embora tenha sido a atividade com maior crescimento em maio, os serviços prestados às famílias ainda estão bastante distantes do patamar pré-pandemia, se encontrando 29,1% abaixo do registrado em fevereiro de 2020. Por sua vez, os serviços da tecnologia da informação foram os que apresentaram a melhor recuperação até então, operando 25,8% acima do patamar de fevereiro do ano passado.

Índice de atividades turísticas sobe 18,2% frente a abril

O índice de atividades turísticas teve um salto de 18,2% em maio, na segunda taxa positiva consecutiva, acumulando assim um ganho de 23,3%. “Esse avanço recente recupera boa parte da queda de 26,5% vista em março, que foi o mês com maior número de limitações ao funcionamento de determinados estabelecimentos. Entretanto, o segmento de turismo ainda precisa crescer 53,1% para retornar ao patamar de fevereiro do ano passado”, pontuou Lobo.

Perspectivas

Assim como o setor de serviços, a indústria e o comércio também tiveram avanços em maio, confirmando assim a expectativa de continuidade do processo de recuperação da economia do Brasil no segundo trimestre do ano.