O volume de serviços prestados no Brasil atingiu 3,7% em fevereiro, em comparação ao mês de janeiro, de acordo com o divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a 9ª alta seguida e, com isso, o setor superou, pela primeira vez, o nível pré-pandemia, ficando 0,9% acima do mês de fevereiro de 2020.

Segundo o IBGE, em 9 meses consecutivos se vê taxas positivas, e o setor acumula assim crescimento de 24% se recuperando com isso das perdas de 18,6% que foram registradas no mês de março e maio de 2020.

Como se sabe, o setor de serviços foi o mais atingido pela pandemia do coronavírus no Brasil, sendo o último a retomar o nível de fevereiro de 2020. Afinal, o comércio se recuperou em junho de 2020 e a indústria em setembro de 2020. Portanto, o resultado do setor de serviços vai melhor do que esperado, uma vez que a expectativa era de alta de 1,5% em janeiro de acordo com a pesquisa da Reuters.

Queda de 8,6% em um ano é a maior já registrada

No acumulado do ano, frente ao período igual ao de 2020, a queda é de 3,5%. Em um ano, o setor ainda registra perda de 8,6%, resultado esse bem negativo e mais intenso da série da pesquisa, iniciada no fim de 2012, apontando a recuperação lenta dos serviços no Brasil. Inclusive, este é o 14º mês seguido de recuo usando essa base de comparação.

Mesmo tendo superado o nível de pré-pandemia, o setor ainda continua 10,8% abaixo do ponto mais alto da série da pesquisa, que foi atingido em novembro de 2014.

Segundo o gerente da pesquisa, esse indicador acumulado em um ano traz essa acentuação de baixa do setor de serviços. A manutenção desse ritmo de queda reflete a manutenção de um patamar ainda muito baixo de prestação de serviços presenciais.

Armazenagem e transporte são os destaques

O crescimento em fevereiro foi acompanhado por todas as cinco grandes atividades pesquisadas, merecendo destaque para as atividades de serviços auxiliares ao transporte e correio (4,4%), que acumulou em um ano 8,7% e nesse momento supera 2,8% o nível de fevereiro do ano de 2020.

Esse grande aumento é facilmente explicado pelo e-commerce. Com a pandemia, as empresas precisaram começar a investir em delivery e isso fez com que elas passassem a trabalhar com transporte de carga para aumentar a receita, foi o que apontou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa.

Por sua vez, serviços prestados às famílias estão 23,7% abaixo do nível pré-pandemia

Os serviços profissionais, administrativos e complementares (3,3%) e os serviços prestados às famílias (8,8%) também tiveram elevação em fevereiro, mas ainda não foram capazes de recuperarem o nível pré-pandemia do coronavírus. As duas atividades hoje se encontram a uma distância de atingir o patamar de -2,03% e -23,7%, respectivamente.

“Considerada uma das atividades mais afetadas em razão das restrições adotadas pelos estados e municípios para enfrentar a pandemia, serviços prestados às famílias tiveram perdas significativas entre os meses de março e maio e ainda oscilam bastante, conforme as medidas de isolamento social são enrijecidas e relaxadas. Os dois meses anteriores tiveram quedas e há um longo percurso a seguir para a recuperação, estando ainda 23,7% abaixo do nível de fevereiro pré-pandemia”, disse o pesquisador do IBGE.

Contudo, outros serviços de informações e comunicação agora estão 1% e 2,6% acima do nível de fevereiro do ano de 2020.

Alta em 18 unidades da Federação

Regionalmente, 18 do total das 27 unidades da federação tiveram crescimento no volume de serviços na passagem do mês de janeiro para fevereiro. As melhores altas foram registradas:

  • São Paulo (4,3%);
  • Minas Gerais (3,5%);
  • Mato Grosso (14,8%);
  • Santa Catarina (3,9%).

Atividades turísticas têm alta de 2,4%

O IBGE ainda informou que houve alta nas atividades turísticas, que subiu 2,4% em comparação a janeiro, alcançando assim a segunda taxa positiva. O segmento teve avanço de 12,7% entre maio de 2020 e fevereiro de 2021, porém ainda precisa crescer 39,2% para atingir o nível de fevereiro de 2020.

Merece destaque positivo o estado de São Paulo (3,4%), seguido novamente por Minas Gerais (6,8%), Goiás (9,1%) e Pernambuco (4,9%). Enquanto isso, o Distrito Federal (-8,2%) e a Bahia (-28%) apontam as retrações mais relevantes.

Pandemia agravada e perspectivas

Apesar de ter conseguido atingir o nível pré-pandemia, o setor de serviços passa a enfrentar as restrições mais rigorosas estabelecidas em diversas partes do Brasil para tentar conter as contaminações pelo coronavírus.

Assim, o IBGE apontou que não é possível determinar que os serviços com atendimento presencial ainda apresentarão taxas positivas, como é o caso dos serviços prestados às famílias, alojamentos, alimentação e transportes de passageiros.

Afinal de contas, é necessário acompanhar os resultados mensalmente e vai depender do ritmo da vacinação, da pandemia, e se as pessoas se sentirão à vontade para procurar por esses serviços.