Temos divulgado aqui no financentro.com algumas notícias e artigos sobre sustentabilidade e economia. Conforme já informado por aqui, países e empresas têm se manifestado pela proteção do meio ambiente e contra as mudanças climáticas – seja porque desejam mesmo salvar o planeta, seja por motivos de marketing. A motivação não faz tanta diferença. 

Dentre as matérias, já falamos aqui no site sobre a vanguarda do Brasil na regulamentação do mercado interno e externo de créditos de carbono, sobre a importância dada pelos agentes financeiros brasileiros aos temas da sustentabilidade ambiental, social e da governança (link) e sobre como a própria Comissão de Valores Mobiliários – CVM – passou a exigir que os agentes que atuam no mercado de ações e de fundos exemplifiquem as ações que têm tomado nas área ambiental, social e de governança (link).

Também, já apontamos que as empresas brasileiras têm investido em bioeconomia e bioinovação (link).

 

Relatório de Riscos Globais

Nesse mesmo caminho, o Fórum Econômico Mundial publica, anualmente, o Relatório de Riscos Globais – Global Risks Report – que aponta riscos ambientais, sociais, tecnológicos e econômicos para os próximos 10 anos. A intenção é chamar a atenção dos governos e das empresas para a prevenção contra esses riscos.

O relatório é feito com base na Pesquisa de Percepção dos Riscos Globais (GRPS) – um questionário aplicado a 650 lideranças globais ligadas ao Fórum Econômico Mundial. Os riscos são separados numa lista de 37 riscos, que envolvem riscos econômicos, ambientais, geopolíticos, sociais e tecnológicos.

 

O Fórum Econômico Mundial

Mais do que um evento que ocorre anualmente na cidade de Davos, na Suíça, e que envolve lideranças globais – desde presidente de países, presidente de empresas e agentes manifestantes – o Fórum Econômico Mundial – ou World Economic Forum, seu nome em inglês – é uma organização sem fins lucrativos.

Na verdade, conforme seu site, é uma Organização Internacional para a cooperação público-privada, que envolve líderes políticos, empresariais, culturais e outros, com o intuito de moldar as agendas globais e regionais da indústria.

 

Quais são os riscos globais apontados no relatório de 2022?

O último Relatório dos Riscos Globais foi publicado pela organização internacional Fórum Econômico Mundial no dia 11 de janeiro de 2022. Os riscos para os próximos 10 anos apontados pelos líderes que participaram da pesquisa foram classificados na seguinte ordem:

1º) Fracasso nas ações contra o aquecimento global 

2º) Condições climáticas extremas

3º) Perda da biodiversidade

4º) Erosão da coesão social

5º) Crise de meios de subsistência

6º) Doenças infecciosas

7º) Danos ambientais causados por humanos

8º) Crise recursos naturais

9º) Crise de dívida

10º) Conflitos Geoeconômicos

 

Comparando com a pesquisa realizada em 2021, o fracasso nas ações contra o aquecimento global já aparecia em primeiro lugar.

Já as doenças infecciosas, que apareciam em segundo lugar como risco em 2021, agora aparecem só em sexto lugar no ranking de preocupação dos líderes globais – vale colocar que a pandemia de Coronavírus diminuiu de fatalidade entre 2020 e 2021.

 

Como o Brasil votou?

Os representantes do Brasil na pesquisa votaram nos seguintes riscos globais:

1º) Prolongamento da estagnação econômica

2º) Empregabilidade e crise de subsistência

3º) Desigualdade digital

4º) Danos ambientais causados por humanos

5º) Geopolitização de recursos estratégicos

 

Assim, dos riscos defendidos pelo Brasil como os piores para os próximos anos, apenas um refere-se a riscos ambientais. Desta forma, os votos espelham bem a política adotada no país nos últimos anos.

 

Qual sua perspectiva para os próximos três anos?

Além de perguntar os riscos globais para os próximos 10 anos, a pesquisa também perguntou como os líderes globais imaginavam que estaria o mundo até 2024, ou seja, daqui três anos.

41,8% dos entrevistados pensam que o mundo reservará muitas surpresas e volatilidade no período. 37,4% acreditavam num mundo com mais distanciamento entre vencedores e perdedores. 10,1% acreditam no aumento dos resultados catastróficos. A única perspectiva positiva é quanto à aceleração da recuperação global – 10,7% dos entrevistados têm essa perspectiva para daqui a 3 anos.

Tais perspectivas são traduzidas também em outra resposta dada pelos entrevistados. Apenas 3,7% estavam otimistas com o futuro do mundo. Positivos, 12,1%. A grande maioria está preocupada com o futuro do planeta – 61,2%, enquanto 23% disseram estar mais do que preocupados.

 

Desigualdade como risco

Mais do que apresentar a pesquisa feita entre os representantes dos países e líderes globais, o relatório analisa os dados coletados a partir de outras informações.

Um eixo que é bastante colocado no relatório refere-se à desigualdade econômica e social. Conforme apontado, a média de vacinação dos 52 países mais pobres do mundo foi de apenas 6% da população.   

Assim, o texto do relatório aponta que a “diferença no progresso da vacinação está criando uma divergência na recuperação econômica que pode agravar uma tensão social e geopolítica pré-existentes” (traduzido livremente).

Esta tensão, aponta o relatório, também pode levar a uma crise de confiança entre os países quanto às ações de redução das mudanças climáticas.

 

Conclusão

O relatório produzido pelo Fórum Econômico Mundial é bem pessimista. Porém, trata-se de um relatório que é publicado todos os anos. As perspectivas podem mudar conforme os cenários políticos, sanitários e econômicos mudem e melhorem.

Você se coloca entre os otimistas – raros – ou os desconfiados?